Hiperconectividade na quarentena: efeitos físicos e emocionais

Com o isolamento social, o uso intensificado das tecnologias se tornou presente no dia-a-dia de muitas pessoas. Além de trabalhar e estudar, é por intermédio das telas que nos relacionamos com amigos e parentes e até mesmo realizamos atividades físicas. Ao fim do dia, a mente e o corpo dão sinais de esgotamento pelo excesso de conectividade. Cansaço, estresse e ansiedade são alguns dos sintomas desenvolvidos em uma rotina de uso abusivo da internet.  Para alguns especialistas, este é um problema a ser enfrentado. 

“O cérebro tem dificuldade de tornar inteligível grande parte das informações que antes absorvia por meio das interações presenciais”, explica Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas da USP, em entrevista ao site VC S/A do grupo Abril. Os problemas com a nova realidade ocorrem, porque mais de 70% da nossa comunicação se dá de forma não-verbal. Isso quer dizer que necessitamos do relacionamento presencial para estabelecer vínculos sociais. Caso contrário, o cérebro demanda um esforço muito maior e isso gera um esgotamento que pode originar ou desencadear  transtornos mentais. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo e, também, apresentava a maior incidência de depressão da América Latina, impactando cerca de 12 milhões de pessoas. Em um cenário de angústias e instabilidades, como o da crise sanitária e econômica que vivemos, esses índices aumentam. É o que demonstra estudo feito em 2020 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Os resultados indicam que os casos de depressão praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80%, nesse período.

Sintoma da hiperconectividade 

O Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, elenca alguns sinais dados pelo corpo e pela mente em casos de excesso de telas. Veja: 

  • Cansaço
  • Estresse
  • Dores no corpo 
  • Dor de cabeça
  • Desconforto nos Olhos
  • Maus hábitos alimentares
  • Agressividade
  • Ansiedade
  • Baixa qualidade do sono 
  • Falta de concentração 
  • Sensação de improdutividade
  • Oscilação emocional 
  • Depressão 

Dependência em internet

Além disso, o grupo alerta que é preciso ficar atento(a) para indicativos de uma pessoa viciada em internet. São eles:

  • Preocupação excessiva com a Internet;
  • Permanece mais tempo conectado (on-line) do que o programado;
  • Irritabilidade e/ou depressão;
  • O trabalho e as relações sociais ficam em risco pelo uso excessivo;
  • Mente a respeito da quantidade de horas conectadas;
  • Quando o uso da Internet é restringido, apresenta instabilidade emocional.

Pelo site do grupo é possível fazer um teste de rastreio para  possíveis dependentes. Acesse pelo link: https://www.dependenciadeinternet.com.br/teste.php 

Adote estratégias

Para não se perder na hiperconectividade é necessário adotar novos comportamentos. Estabelecer limites para o uso das telas é o primeiro passo. Outro passo é iniciar uma higienização do sono. Evite ficar ao celular ou com a tv ligada na hora de dormir. A exposição à luz dos aparelhos eletrônicos é danosa para os olhos (causando cansaço visual) e interfere na produção de melatonina, o hormônio que indica ao fim do dia a necessidade de desacelerar para dormir. 

Vale também criar uma rotina de atividades manuais, seja cozinhar, ler um livro no formato físico ou estar com a família. Sobre a rotina de trabalho em casa, é importante ter intervalos para levantar, fazer um alongamento, beber água e tirar um tempo, mesmo que pequeno, para descansar. 

Segundo Cristiano Nabuco, da USP, outro conselho é sobre as práticas de trabalho no computador. Ele recomenda diminuir a quantidade de abas abertas no navegador e evitar fazer várias tarefas ao mesmo tempo. É importante manter a concentração no que está fazendo para não se atrapalhar e lotar a mente com informações. 

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