Expectativas: não evite, gerencie

Como sua mente trabalha quando uma novidade surge em sua vida? O que você pensa e espera sobre pessoas com quem se relaciona? E se o que você idealizou não acontecer, como você reage? Expectativa significa “estar à espera de” e nós nos encontramos nesse estado constantemente, seja à espera do resultado de uma prova que você se esforçou para estudar, ou à espera de que seu filho seja aquilo que você imaginou, ou até à espera da hora em que a comida que você pediu vai chegar. 

Nutrir expectativas, otimistas ou pessimistas, é um passeio que atravessa  os  desejos, as formas de enxergar o mundo e  e as idealizações baseadas no repertório que construímos ao longo da vida. No entanto, uma vez rompida essa idealização, ou modo de esperar, somos pegos por sentimentos como frustração, raiva, tristeza, medo – estados emocionais que, desde a infância, muitas pessoas são ensinadas a suprimir.

A capacidade de monitorar os sentimentos e as emoções, individuais ou não,, entender essas diferenças e utilizá-las para guiar o próprio pensamento e as ações, é como a Inteligência Emocional (IE) é definida pelos psicólogos Salovey e  Mayer, em 1990, no artigo Emotional Intelligence. Imagination, Cognition and Personality (em tradução livre: Inteligência Emocional. Imaginação, Cognição e Personalidade). Desde então, a comunidade científica estuda para ampliar o conceito e correlacioná-lo com outras interfaces psicológicas.

O objetivo aqui não é receitar uma fórmula mágica para solucionar a questão, mas apontar direcionamentos que ajudem a desenvolver o autoconhecimento e seu crescimento psicológico. 

Perceba o seu comportamento 

Diante de uma expectativa criada, busque fazer o movimento de distanciamento para analisar como chegou até ali. Questione se esses pensamentos têm embasamento real e se, dentro das suas possibilidades, são etapas possíveis de cumprir. Além disso, caso viva estado de euforia ou de pessimismo, é importante buscar neutralizar essas emoções para ter clareza do que está buscando. 

Desenvolva a habilidade da comunicação

Silenciar e esperar que o outro entenda o que você está sentindo sem comunicá-lo é uma falha que compromete as relações e não soluciona nada. O que você sente importa, é preciso falar, estabelecer uma comunicação assertiva, expor seus pontos com clareza para que, a partir daí, as frustrações comecem a ser solucionadas. 

Observe o outro 

Para isso, saiba enxergar e ouvir . Colocar sobre o outro uma realidade criada por você, está relacionado com a dificuldade de aceitar diferenças. As pessoas não pensam, fazem ou são como você projeta e isso não significa que a relação é inválida ou impossível. Ao contrário, é respeitando as limitações alheias que você poderá projetar menos e ponderar o que é pessoal ou de outrem.

Imprevistos acontecem 

A vida ocorre nos inesperados. Mesmo que você planeje dentro da realidade, as coisas tendem a não sair exatamente como você imaginou, já que inúmeros fatores externos influenciam em nossas vidas. Esteja aberto/a às mudanças e aprenda a tirar proveito delas. Ser maleável consigo e com a vida é também uma ferramenta para o bem-estar. 

Coloque as boas expectativas em prática 

Quando as expectativas são saudáveis é satisfatório buscar criar meios para realizá-las. Estamos constantemente criando, interagindo e modificando nossa realidade. Por meio da reflexão aprofundamos o conhecimento sobre nós mesmos e como podemos gerenciar situações sem causar tantos desconfortos. 

Busque ajuda profissional

Quando perceber que já não consegue lidar sozinho/a com os efeitos gerados pelas expectativas, busque um profissional da saúde mental. Amigos e pessoas da sua confiança são rede de apoio, mas muitas vezes não suprirão a demanda das suas questões. Há casos em que o indivíduo adoece, como nos transtornos ansiosos e de humor, tornando ainda mais difícil o manejo das expectativas. Nesse contexto, é válido buscar um psiquiatra, como também a psicoterapia, onde haverá um espaço de acolhimento e escuta qualificada com objetivo de contribuir na reestruturação da vida do paciente.