TDAH na vida adulta: conheça os sintomas, sinais e tratamentos

É comum atrelar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) às crianças, mas há uma enorme quantidade de adultos que manifestam a condição e sofrem com impactos no trabalho, nas relações afetivas e em toda a esfera social. Muitas vezes, esse adulto não entende o porquê de ter uma vida tão atribulada, isso ocorre porque essa população é subnotificada. O TDAH é um transtorno neuropsiquiátrico que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA)

O TDAH não está ligado a fatores culturais ou conflitos psicológicos, mas sim a pequenas alterações na região frontal do cérebro, responsável pela inibição do comportamento e do controle da atenção. Em adultos, é caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade que interfere e afeta o trabalho, a vida doméstica e os relacionamentos – especialmente se não for tratado. 

Os sintomas na vida adulta

Os sintomas de TDAH ou ADD em adultos se assemelham amplamente aos sinais comuns de TDAH na infância. No entanto, sabe-se que a intensidade dos sintomas – especialmente hiperatividade – diminui ao longo do tempo para muitos indivíduos.

  • Desatenção
  • Pouca atenção aos detalhes
  • Dificuldade para começar e concluir tarefas
  • Dificuldade em focar e regular a atenção
  • Esquecimento
  • Má gestão do tempo
  • Impulsividade
  • Inquietação
  • Interrompe-se com frequência
  • Fala excessivamente
  • Desregulação emocional
  • Baixa tolerância à frustração

Desafios associados ao TDAH em adultos

O TDAH adulto afeta praticamente todos os aspectos da vida, mais ainda se a condição permanecer sem diagnóstico, não tratada ou tratada de forma ineficaz – tudo isso pode ter efeitos prejudiciais no bem-estar psicológico e na qualidade de vida de um indivíduo.

1- No desempenho escolar e no trabalho:

Sintomas de TDAH em adultos, como má gestão do tempo e concentração, procrastinação e esquecimento, podem dificultar a trajetória e permanência na escola/faculdade e no local de trabalho. 

2- Nos relacionamentos:

Os sintomas de TDAH em adultos, como habilidades de escuta deficientes, baixa tolerância à frustração, incapacidade de realizar tarefas e impulsividade, podem levar a várias dificuldades com relacionamentos românticos, amizades, relacionamentos familiares e outras conexões sociais.

3- Propensão à criminalidade e segurança

Um estudo publicado na revista internacional JAMA Psychiatry vinculou o TDAH em adultos à criminalidade, quebra de regras e outros problemas legais e de segurança – incluindo maior risco de se envolver em acidentes de carro em comparação com a população em geral. 

4- No abuso de substâncias

TDAH e abuso de substâncias estão fortemente conectados. Adultos com TDAH têm duas vezes mais chances de serem diagnosticados com transtorno por uso de substâncias em comparação com indivíduos sem TDAH. Muitos adultos com TDAH relatam o uso de substâncias como álcool e outras drogas como forma de automedicação e controle dos sintomas de TDAH.

5 –  Comorbidades

O TDAH no adulto raramente existe sozinho. Aproximadamente 60% a 70% dos adultos com TDAH têm um transtorno comórbido. De acordo com um estudo de 2006 sobre TDAH em adultos:

  • Cerca de 40% foram diagnosticados com um transtorno de humor;
  • Quase 50% foram diagnosticados com transtorno de ansiedade, incluindo fobia social (30%) e transtorno do estresse pós-traumático (12%);
  • Cerca de 15% também têm diagnóstico de transtorno por uso de substâncias;

O que causa o TDAH?

Não está totalmente claro, mas a maioria das pesquisas sugere esses três fatores principais:

  • Genética ou Hereditariedade: O TDAH é uma condição altamente hereditária. Aproximadamente metade dos pais com TDAH terá um filho com a doença.
  • Fatores ambientais: Estudos sugerem que a exposição ao estresse extremo, trauma ou certas toxinas – como chumbo ou bisfenol – aumentam o risco ou a gravidade dos sintomas de TDAH.
  • Interrupção do Desenvolvimento: Lesão cerebral ou eventos que afetam o sistema nervoso central durante o desenvolvimento, como parto prematuro ou uso de álcool durante a gravidez, podem ter um papel importante no desenvolvimento do TDAH.

Diagnóstico 

O  Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) lista nove sintomas que sugerem TDAH predominantemente desatento e nove sintomas separados que sugerem TDAH predominantemente hiperativo-impulsivo. Um adulto pode ser diagnosticado com qualquer subtipo se apresentar pelo menos cinco dos nove sintomas em dois ou mais ambientes – no trabalho e em casa, por exemplo – por pelo menos seis meses. É preciso uma avaliação médica especializada para concluir o diagnóstico. 

Tratamento 

O melhor tratamento para o TDAH adulto é uma combinação de terapia e medicação. Os adultos devem trabalhar em estreita colaboração com seus médicos para ajustar a medicação e a dosagem e encontrar a combinação certa de tratamento do TDAH para aliviar os sintomas.

Quando a família é tóxica, o que fazer?

Muito se fala sobre relações abusivas com amigos, pessoas do trabalho ou algum relacionamento amoroso. No entanto, é no seio familiar onde muitas vezes ocorre o primeiro contato com pessoas tóxicas. Quem nunca ouviu a premissa “tudo por a família”? Esse tipo de ideia pode funcionar como mecanismo de submissão a comportamentos e atitudes familiares prejudiciais.

Outra questão que aumenta a tolerância às relações familiares abusivas é a cultura. Tendo em vista que historicamente somos ensinados a preservar a família, atuando na manutenção de restrições e tabus. A cultura estabelece que só é permitido ter sentimentos positivos sobre a família. Tal imposição implica na repressão de sentimentos naturais do ser humano e na incapacidade em gerenciar conflitos.

Nesse sentido, o cenário ganha outro aspecto quando a vítima está em situação de dependência econômica, social ou emocional com a pessoa que exerce o abuso.

Como reconhecer uma família tóxica?

O conflito existe em todos os tipos de relacionamentos, porque interesses se chocam. Divergir se faz importante no sentido de realinhar expectativas e de pôr em constante análise as relações.

No entanto, existem relações que são mais difíceis e evocam constantemente o conflito ao invés da harmonia. É preciso mensurar o quanto de dor e sofrimento essa convivência traz. Desconforto, inferiorização, descrença, humilhação e abuso são alguns comportamentos que podem existir em uma relação tóxica dentro ou fora do ambiente familiar.

Como lidar com a situação?

Cada relação tem sua complexidade, então não há uma fórmula a ser replicada. A seguir, deixo algumas orientações do que pode ser feito com vínculos que não fazem bem:

1 – Busque ajuda profissional 

Se você vive sob angústia, em sofrimento e sente perda da dignidade por causa de um relacionamento familiar, busque uma escuta profissional. Um psicólogo ou psiquiatra pode ajudar você a descobrir a melhor solução.

2 – Você não pode mudar ninguém

Muitas vezes o sofrimento está na angústia de esperar que o outro mude, quando quem tem que mudar é você. Como? Realinhando suas expectativas sem esperar que o outro tome a atitude que você deseja. Lembre-se: você só é capaz de mudar os seus próprios comportamentos e atitudes. 

3 – Se preciso for, corte laços 

Na maioria dos casos, é sem dúvidas a escolha mais extrema e dolorosa, porque estamos falando de um ente amado. Diante do rompimento da relação, pode surgir o sentimento de culpa, principalmente porque memórias de situações passadas surgirão. É importante ter em mente o real motivo da sua decisão de se emancipar dessa pessoa. Sem essa definição clara, corre-se o risco de viver em ciclos numa relação abusiva e até mesmo repetir o padrão com outras pessoas.

Ansiedade não é coisa da sua cabeça: conheça sintomas

A ansiedade é uma reação normal desencadeada na mente diante situações que podem provocar medo, angústia ou expectativa. Antes de uma entrevista de emprego, do resultado de um teste, do nascimento de um filho ou de uma cirurgia são situações comuns nas quais a ansiedade se manifesta. No entanto, quando as reações são intensas e desproporcionais e a pessoa está em sofrimento, apresentando inúmeros sintomas está na hora de buscar ajuda. 

De acordo com o Manual de Classificação de Doenças Mentais, o DSM 5, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um distúrbio caracterizado pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.

Além do TAG, existem outros no escopo da ansiedade, como pânico, fobias e ansiedade social. O estresse pós-traumático e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) também são classificados como transtornos de ansiedade. Podem ser acometidos pela TAG pessoas de todas as idades, desde o nascimento até a velhice. Mulheres são mais suscetíveis do que os homens. 

Sintomas:

Algumas pessoas podem vivenciar episódios de ansiedade, e ainda em sofrimento, não  perceberem que estão diante de um transtorno passível de tratamento. Por isso é importante a auto-observação. Além de manifestações subjetivas como sentimento de medo e apreensão, a ansiedade afeta o corpo inteiro. A liberação de noradrenalina e cortisol  faz o organismo aumentar a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos. O corpo fica em estado de atenção e tensão. A pessoa começa a hiperventilar e diminui o nível de gás carbônico no sangue, o que ocasiona em percepções equivocadas do cérebro. 

Sintomas psicológicos:

  • Apreensão
  • Medo
  • Angústia
  • Inquietação
  • Insônia 
  • Dificuldade de concentração 
  • Incapacidade de relaxar
  • Sensação de estar “no limite”
  • Pensamentos catastróficos 

Sintomas físico da ansiedade: 

  • Sudorese
  • Falta de ar
  • Hiperventilação 
  • Boca seca
  • Formigamento
  • Náusea
  • Embrulho no estômago
  • Ondas de calor
  • Calafrios
  • Tremores
  • Tensão muscular
  • Dor no peito
  • Taquicardia
  • Tontura
  • Urgência urinária 

Diagnóstico e tratamento:

O diagnóstico precisa de uma avaliação  criteriosa, detalhando a história de vida do paciente e esmiuçando as crises. Exames podem ser solicitados para excluir outras causas clínicas.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem o caráter mais prático e é uma das abordagens mais recomendadas para casos que envolvem ansiedade. Medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos também fazem parte do tratamento e geralmente precisam ser mantidos por aproximadamente doze meses após desaparecimento dos sintomas. 

Transtorno de Ansiedade Social: como identificar e formas de buscar ajuda

Pessoas que sentem forte insegurança em falar em público, interagir com estranhos, comer em público ou até urinar em um banheiro público podem sofrer do Transtorno de Ansiedade Social (TAS), também conhecido como Fobia Social.  Indivíduos com TAS apresentam medo persistente de embaraço ou de avaliação negativa durante interação social ou desempenho em público. O transtorno causa importante prejuízo funcional e comprometimento psicossocial. 

Os pacientes com TAS apresentam altas taxas de comorbidade psiquiátrica e podem ter elevada utilização de serviços de saúde. Os sintomas iniciam-se na infância e adolescência e, em termos de intensidade, pode ser considerado leve, moderado ou grave. Apesar de ser o transtorno de ansiedade mais comum e o terceiro transtorno psiquiátrico mais frequente, há um subdiagnóstico para o TAS. Fatores que implicam nesse problema de identificação são: o mascaramento pelas frequentes comorbidades; falha dos médicos em reconhecer o TAS; a vergonha do paciente em falar sobre o problema e o desconhecimento sobre os sintomas sinalizarem para um tipo de transtorno que precisa de tratamento adequado. 

Sintomas

O Transtorno de Ansiedade Social desencadeia sintomas de ansiedade acompanhados de sintomas físicos como rubor, tremor, taquicardia, sudorese e tensão muscular, urgência urinária, entre outros. Estes sintomas surgem sempre que a pessoa se sente desconfortável por uma situação social. O TAS paralisa o indivíduo, causando prejuízo ao seu bem estar e ao desempenho. Se a pessoa chegar a enfrentar a situação, fará com muito sofrimento. 

Ansiedade Social é diferente de timidez

Assim como pessoas com Transtorno de Ansiedade Social, as pessoas tímidas não gostam de ser o centro das atenções e evitam muitas situações ou interações sociais. No entanto, a timidez pode ser um traço de personalidade e não necessariamente corresponder a um transtorno psiquiátrico. O ponto de diferenciação é a intensidade dos sintomas e a quantidade de vezes que eles se repetem. Da mesma forma, pensar o quanto essa timidez tem prejudicado em seus objetivos e planos.

Diagnóstico e tratamento

De acordo com o  Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-V), os critérios que devem ser levados em consideração para diagnosticar um paciente com TAS são: 

  • Presença de medo persistente em situações sociais. Com constante percepção que está sendo examinado ou receio de que agirá de maneira constrangedora ou humilhante;
  • Evitar situações sociais que causam ansiedade ou suportá-las com medo ou ansiedade intensos;
  • Ansiedade excessiva e desproporcional à situação que está sendo vivida;
  • Ansiedade ou sofrimento que interferem diretamente na rotina e na qualidade de vida; 
  • Medo ou ansiedade que não pode ser explicada por nenhuma outra condição médica, por qualquer uso de medicação ou abuso de substâncias químicas; 

O diagnóstico pode ser realizado por um médico psiquiatra ou por um psicólogo. O tratamento envolve psicoterapia e, a depender do quadro clínico, a prescrição de medicamentos. 

Precisamos falar sobre as consequências da violência doméstica na saúde mental das mulheres

No mês em que se completam 15 anos da Lei Maria da Penha, colocamos em debate quais são as consequências psicológicas nas mulheres vítimas de violência doméstica. Estudos de Universidades brasileiras indicam que os principais problemas sentidos pelas vítimas são depressão, ansiedade, transtorno  do estresse-pós traumático, fobias, ideação suicida, desânimo, irritabilidade, baixa autoestima, sentimentos de culpa, inferioridade, insegurança, vergonha, isolamento social, dificuldade de tomada de decisão, dependência ao extremo, hábito de fumar, uso de álcool e falta de concentração. 

Em 2020, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foram registradas 105.821 denúncias de violência contra a mulher nas plataformas do Ligue 180 e do Disque 100. Devido uma mudança nos protocolos do sistema de denuncias, não é possível realizar um comparativo com anos anteriores. No entanto, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca que o regime de isolamento social durante a pandemia impacta severamente na vida de mulheres que vivem em situação de violência doméstica por aumentar o contato com o agressor.

Uma característica pouco considerada nas manifestações de violência, quaisquer que sejam, é o abuso psicológico. Este aspecto está presente em todo o ciclo de violência e é um artifício utilizado pelo abusador para favorecê-lo. Frases como “você não entende nada!”, “você é louca!”, “você não é capaz”, são ditas para diminuir a mulher e fazê-la duvidar da própria memória, percepção e sanidade. É preciso levar em conta todas as minúcias de uma relação abusiva, pois a desconsideração pode causar sintomas psicossomáticos graves e irreversíveis. 

Veja alguns sinais de abuso psicológico:

  • O abusador sempre faz a vítima acreditar que não é merecedora ou é boa o suficiente para algo
  • Confunde a vítima com elogios e depois retoma o comportamento agressivo
  • Nega os fatos e faz a mulher questionar a própria sanidade
  • Cai em contradição. Diz uma coisa e faz outra
  • Isola a mulher dos parentes e amigos, geralmente os argumentos envolvem dizer para a vítima que ela não é querida ou que as pessoas não são dignas de sua companhia.

Essas são alguns comportamentos que minam a autoestima e fortalecem crenças que induzem a mulher viver numa realidade distorcida pelo abusador. Diante disso, é comum também que a mulher passe a se sentir culpada e pedir desculpas excessivas, justificar a postura do abusador, se sentir infeliz ou sentir que mudou e não é quem gostaria de ser. 

Formas de buscar ajuda

Ninguém deve aceitar esse sofrimento. O primeiro passo é ter consciência que vive numa situação de abusos e violências para assim buscar ajuda, sobretudo médica, jurídica e assistencial. Os especialistas ajudam a vítima a perceber o abuso com mais nitidez. No caso clínico, é importante tanto buscar um médico para o cuidado com o físico, como para o psicológico e emocional. Neste artigo, foram destacadas algumas das consequências psíquicas decorrente de violência doméstica, mas é imprescindível que um psicólogo ou psiquiatra estude o caso para tratar da forma mais adequada. 

Canais governamentais como o Disque 100, o Ligue 180, o canal no WhatsApp pelo número (61) 99656-5008 e o Telegram “Direitoshumanosbrasilbot”, são algumas formas de denunciar o agressor de forma segura. Outra medida tomada recentemente é a Lei do Sinal Vermelho, que incentiva mulheres a denunciarem a violência doméstica mostrando um “X” escrito na palma da mão.