Ansiedade, depressão, ou os dois?

Os termos “ansioso” e “deprimido” são muito usados com recorrência de forma informal. Isso ocorre porque, de fato, há semelhanças entre os dois estados. Esta maneira popular de se referir a essas emoções, se dá também por nossa própria experimentação no cotidiano: ansiedade e letargia são comuns em resposta a estressores da vida. 

A relação entre essas emoções – e suas condições clínicas associadas, transtornos de ansiedade e transtornos de humor – é complexa e um tanto específica.

Para uma pessoa, a ansiedade pode levar à evasão e ao isolamento. O isolamento pode resultar em falta de oportunidades para experiências prazeirosas, o que leva ao mau humor. 

Para outros, as emoções podem fluir na direção oposta. Sentir-se para baixo pode tirar a energia de alguém para fazer coisas que normalmente gosta, e as tentativas de se reencontrar com o mundo depois de perder a prática podem resultar em nervosismo.

Compreender as diferenças entre as duas emoções (ansiedade versus depressão) e caracterizar a gravidade do problema pode ajudá-lo a determinar como se sentir melhor.

A relação entre ansiedade e depressão

A ansiedade e a depressão compartilham uma base biológica. Estados persistentes de ansiedade ou humor deprimido envolvem alterações na função dos neurotransmissores. 

Embora os fundamentos biológicos desses problemas sejam semelhantes, a ansiedade e a depressão são vivenciadas de maneira diferente. Podemos considerá-los como dois lados da mesma moeda.

A ansiedade e a depressão podem ocorrer sequencialmente (uma em reação à outra), ou podem ocorrer simultaneamente. A seguir, veja diferenças entre os transtornos nos aspectos físico e mental.

Diferenças Mentais 

Depressão

  • A pessoa se sente sem esperança sobre si mesmo, os outros, o mundo
  • Acredita que não vale a pena tentar
  • Sente-se inútil
  • Pensa na morte porque crê que a vida não vale a pena ser vivida

Ansiedade

  • Preocupa-se com o futuro imediato ou a longo prazo
  • Tem pensamentos incontroláveis e acelerados
  • Evita situações que possam causar ansiedade
  • Pensa na morte devido ao perigo percebido

Diferenças físicas
Depressão 

  • Dificuldade de concentração, foco e memória devido pensamento ruminativo ou outros sintomas físicos
  • Falta de energia
  • Perda de apetite ou um aumento significativo no apetite
  • A pessoa se move ou fala mais devagar do que o habitual
  • Dor física sem causa
  • Dormir muito mais ou muito menos do que o normal devido a processos de pensamento ruminativo ou baixa energia

Ansiedade

  • Dificuldade de concentração devido ao estado de agitação ou pensamentos acelerados
  • Dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo devido a pensamentos acelerados ou outros sintomas físicos
  • Tontura
  • Desconforto gastrointestinal (por exemplo, náusea, diarreia ou constipação)
  • Aumento da frequência cardíaca, pressão arterial, sudorese
  • Tensão muscular
  • Falta de ar

Tratamento

Mesmo se você decidir que seu problema de ansiedade ou humor é um problema de baixo grau para você, ainda vale a pena trabalhar. Considere o quanto isso está interferindo em sua vida, e de que maneira, para determinar que tipos de intervenções podem ser úteis.

Há abordagens psicoterápicas muito eficazes para esses problemas como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Psicanálise. É preciso buscar um profissional que irá acompanhar seu caso e indicar as melhores abordagens e, se necessário, medicações. 

A crise silenciosa da saúde mental dos homens

Um estudo sobre mortalidade por suicídio no Brasil, divulgado pela  Secretaria de Vigilância em Saúde no anos de 2019, traz o dado alarmante de que homens apresentam um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio do que mulheres. Esse resultado traz à tona o silenciamento entorno da questão: saúde mental do público masculino. Por que homens estão mais propensos ao suicídio e como podemos tratar a problemática?

De acordo com o mesmo estudo, os fatores associados à alta nos números indicam que os homens têm uma maior agressividade e maior intenção de morrer. Dentre as causas, o documento indica: “(…)maior acesso a armas de fogo e outros objetos letais, e maior suscetibilidade aos impactos de instabilidades econômicas entre homens. Essas pistas evidenciam que os padrões de masculinidade estão diretamente associados com a baixa busca por cuidados mentais. 

Em um outro estudo, publicado em 2021, os autores Silva e Melo explicam: “os homens parecem engajar-se em comportamentos como o abuso de álcool, a tomada exagerada de risco e a violência devido a um fenômeno descrito na psicanálise como “acting-out”.”. Em síntese, este fenômeno indica ações impulsivas que uma pessoa pode ter que contradizem seu comportamento comum. Geralmente, surgem agressivamente e são um sinal de algo recalcado, ou seja, algum sentimento/pensamento/desejo/problema evitado ou omitido por essa pessoa. 

Outro ponto que parece ser o maior impeditivo de homens buscarem ajuda para o sofrimento mental é a tendência em associar doença à fraqueza. Fica evidente que os homens continuam reféns dos padrões de masculinidade e isso os torna mais propensos a negligenciar a própria saúde. Nesses casos, o primeiro passo é olhar para si como um ser humano, sem rotulações, que precisa de cuidados e tomar o maior ato de coragem: falar sobre seus problemas e sentimentos. Para se sentir mais amparado, é ideal buscar uma rede de apoio, seja um amigo ou a própria família, e, sobretudo, um profissional da saúde mental para acompanhar o caso e ajudar na evolução do quadro.  

Ansiedade no trabalho: identifique os sintomas

Cargas de trabalho em excesso, más condições de trabalho, falta de reconhecimento, problemas como assédio moral e pressão por produção ou rendimento são fatores preponderantes no desencadeamento do Transtorno de Ansiedade em trabalhadores. 

O Brasil vive em um período no qual muitas pessoas trabalham exclusivamente para manter suas necessidades básicas como alimentação e moradia. Em contrapartida, algumas empresas objetivam no funcionário uma mera engrenagem da produção. Esses dois fatores, somados aos anteriormente citados, por si só, já conseguem demonstrar a insatisfação relacionada ao trabalho. 

É sabido que pessoas infelizes ou sem perspectiva, são pessoas vulneráveis ao adoecimento psíquico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo. 

Sintomas de ansiedade no trabalho

Caso uma pessoa esteja passando por situações insalubres no trabalho, é possível que venha desenvolver sintomas relacionados ao Transtorno de Ansiedade. Conheça alguns:

  • Angústia;
  • Falta de ar;
  • Agitação psicomotora;
  • Taquicardia;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia;
  • Problemas relacionados ao sono;
  • Distúrbios alimentares;
  • Cefaleia 
  • Apreensão;
  • Distúrbios sexuais;
  • Agressividade;
  • Tensão muscular;
  • Pensamento catastrófico;
  • Preocupação excessiva com o futuro;
  • Pânico e reações de austeridade frente ao trabalho

Como as empresas podem ajudar?

Primeiramente é preciso um olhar humanizado sobre as pessoas que trabalham nessa organização. Além de entender que o trabalho deve ser o meio pelo qual se realiza conquistas pessoais, as empresas devem construir um conjunto de ações que criem um ambiente corporativo mais feliz e saudável. 

As lideranças devem ser orientadas e formadas para engajar positivamente os trabalhadores. Quando possível, é importante que a empresa ofereça aos colaboradores uma gestão de benefícios voltados para a saúde mental, como por exemplo, auxílio terapia. Sobretudo, é fundamental tornar uma cultura empresarial o estímulo à busca por acompanhamento com profissionais especializados em saúde mental.

Para amadurecer as emoções é preciso nomear os sentimentos

Você consegue diferenciar tristeza de angústia ou ansiedade? Ou alegria de euforia? Identificar sentimentos é algo particularmente difícil para as crianças, mas também para muitos adultos. Isso porque ainda existe dificuldades – e tabus – para falar sobre sentimentos. O problema é que a falta de auto percepção pode levar ao silenciamento das nossas próprias emoções e a consequência disso é o sofrimento emocional. 

Retomamos à infância. Tente recordar: em algum momento, quando criança, você foi ensinado(a) a nomear e identificar seus sentimentos? É nesse período da vida que começamos a entender sensações e ter noções de mundo. Sem a devida educação emocional, dificilmente essa pessoa se tornará um adulto consciente sobre o próprio sentir. 

Como entender melhor os próprios sentimentos? 

Uma forma simples é elaborar uma lista com diversos sentimentos e tentar encontrar definições e exemplos para cada item. Vale, inclusive, buscar as definições na internet, com outras pessoas e até em livros que se dedicam ao tema.

Em casos de mudança de humor ou um conflito, outro exercício indicado é escrever a situação, quem estava presente, que você pensou naquele momento e até alterações físicas. Uma espécie de diário emocional. Isso vai ajudar a, posteriormente, você enxergar a situação de um outro ângulo. 

Terapia

É comum encontrar nos consultórios adultos que chegam com diversos nós emocionais originados na dificuldade de nomear o que estão sentindo. A terapia, muitas vezes, se torna desconfortável para essas pessoas quando inicia o processo de descoberta de emoções difíceis como raiva, ódio, inveja e tristeza. 

Pessoas que não tiveram acolhimento ou espaço para expressar o que sentiam na infância não são adaptadas ao entendimento de que sentir, qualquer que seja a emoção, é parte de ser humano. Independente de juízo de valor, as emoções nos chegam. 

Por isso, é importante destacar que a terapia não faz desaparecer sentimentos incômodos ou traz uma receita para “a cura”. A terapia é uma ferramenta importante que vem ajudar a encontrar mecanismos para gerenciar melhor as próprias emoções. 

TDAH na vida adulta: conheça os sintomas, sinais e tratamentos

É comum atrelar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) às crianças, mas há uma enorme quantidade de adultos que manifestam a condição e sofrem com impactos no trabalho, nas relações afetivas e em toda a esfera social. Muitas vezes, esse adulto não entende o porquê de ter uma vida tão atribulada, isso ocorre porque essa população é subnotificada. O TDAH é um transtorno neuropsiquiátrico que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA)

O TDAH não está ligado a fatores culturais ou conflitos psicológicos, mas sim a pequenas alterações na região frontal do cérebro, responsável pela inibição do comportamento e do controle da atenção. Em adultos, é caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade que interfere e afeta o trabalho, a vida doméstica e os relacionamentos – especialmente se não for tratado. 

Os sintomas na vida adulta

Os sintomas de TDAH ou ADD em adultos se assemelham amplamente aos sinais comuns de TDAH na infância. No entanto, sabe-se que a intensidade dos sintomas – especialmente hiperatividade – diminui ao longo do tempo para muitos indivíduos.

  • Desatenção
  • Pouca atenção aos detalhes
  • Dificuldade para começar e concluir tarefas
  • Dificuldade em focar e regular a atenção
  • Esquecimento
  • Má gestão do tempo
  • Impulsividade
  • Inquietação
  • Interrompe-se com frequência
  • Fala excessivamente
  • Desregulação emocional
  • Baixa tolerância à frustração

Desafios associados ao TDAH em adultos

O TDAH adulto afeta praticamente todos os aspectos da vida, mais ainda se a condição permanecer sem diagnóstico, não tratada ou tratada de forma ineficaz – tudo isso pode ter efeitos prejudiciais no bem-estar psicológico e na qualidade de vida de um indivíduo.

1- No desempenho escolar e no trabalho:

Sintomas de TDAH em adultos, como má gestão do tempo e concentração, procrastinação e esquecimento, podem dificultar a trajetória e permanência na escola/faculdade e no local de trabalho. 

2- Nos relacionamentos:

Os sintomas de TDAH em adultos, como habilidades de escuta deficientes, baixa tolerância à frustração, incapacidade de realizar tarefas e impulsividade, podem levar a várias dificuldades com relacionamentos românticos, amizades, relacionamentos familiares e outras conexões sociais.

3- Propensão à criminalidade e segurança

Um estudo publicado na revista internacional JAMA Psychiatry vinculou o TDAH em adultos à criminalidade, quebra de regras e outros problemas legais e de segurança – incluindo maior risco de se envolver em acidentes de carro em comparação com a população em geral. 

4- No abuso de substâncias

TDAH e abuso de substâncias estão fortemente conectados. Adultos com TDAH têm duas vezes mais chances de serem diagnosticados com transtorno por uso de substâncias em comparação com indivíduos sem TDAH. Muitos adultos com TDAH relatam o uso de substâncias como álcool e outras drogas como forma de automedicação e controle dos sintomas de TDAH.

5 –  Comorbidades

O TDAH no adulto raramente existe sozinho. Aproximadamente 60% a 70% dos adultos com TDAH têm um transtorno comórbido. De acordo com um estudo de 2006 sobre TDAH em adultos:

  • Cerca de 40% foram diagnosticados com um transtorno de humor;
  • Quase 50% foram diagnosticados com transtorno de ansiedade, incluindo fobia social (30%) e transtorno do estresse pós-traumático (12%);
  • Cerca de 15% também têm diagnóstico de transtorno por uso de substâncias;

O que causa o TDAH?

Não está totalmente claro, mas a maioria das pesquisas sugere esses três fatores principais:

  • Genética ou Hereditariedade: O TDAH é uma condição altamente hereditária. Aproximadamente metade dos pais com TDAH terá um filho com a doença.
  • Fatores ambientais: Estudos sugerem que a exposição ao estresse extremo, trauma ou certas toxinas – como chumbo ou bisfenol – aumentam o risco ou a gravidade dos sintomas de TDAH.
  • Interrupção do Desenvolvimento: Lesão cerebral ou eventos que afetam o sistema nervoso central durante o desenvolvimento, como parto prematuro ou uso de álcool durante a gravidez, podem ter um papel importante no desenvolvimento do TDAH.

Diagnóstico 

O  Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) lista nove sintomas que sugerem TDAH predominantemente desatento e nove sintomas separados que sugerem TDAH predominantemente hiperativo-impulsivo. Um adulto pode ser diagnosticado com qualquer subtipo se apresentar pelo menos cinco dos nove sintomas em dois ou mais ambientes – no trabalho e em casa, por exemplo – por pelo menos seis meses. É preciso uma avaliação médica especializada para concluir o diagnóstico. 

Tratamento 

O melhor tratamento para o TDAH adulto é uma combinação de terapia e medicação. Os adultos devem trabalhar em estreita colaboração com seus médicos para ajustar a medicação e a dosagem e encontrar a combinação certa de tratamento do TDAH para aliviar os sintomas.