Conheça a nomofobia, ansiedade por afastamento do celular

A pandemia acelerou o uso da internet, e, por consequência, de dispositivos móveis – sendo mais comum o celular –  tendo em vista ser o único meio seguro de socialização para muitas pessoas, além do lazer e do afeto. Diversas potencialidades surgiram, isso é inegável, mas é preciso pontuar também as vulnerabilidades oriundas desse processo. 

A  nomofobia é uma delas. O problema tem sido estudado de forma inicial por pesquisadores e trata de pessoas que têm medo de ficar sem o celular e/ou a tecnologia. A nomenclatura é baseada na expressão no-mobile, que significa “sem celular”. 

Os estudos iniciaram após uma demanda de pessoas com sentimentos de angústia e medo ao serem afastadas do aparelho eletrônico, da internet e/ou computador. Essas pessoas não utilizavam o aparelho em questão de forma saudável ou com uma finalidade específica, mas de forma patológica. Ou seja, com impactos psíquicos. 

Nomofobia e transtornos de ansiedade

É importante destacar que não estamos demonizando o uso do celular, até porque a utilidade e os benefícios da conexão oferecida são fatores que pesam. No entanto, a velha máxima que diz: “equilíbrio é a chave de tudo”, se encaixa perfeitamente nesse caso. 

A nomofobia, de acordo com os estudos, leva a um estado de ansiedade que pode se tornar patológico. Se aproxima muito ao transtorno de ansiedade social, ao transtorno do pânico e agorafobia. O transtorno de ansiedade social é o mais comum. O medo e a ansiedade são intensos em situações sociais, a nomofobia se liga isso, pois a falta do mobile leva a falta do contato social.

O que fazer?

Ë preciso observar os sintomas de ansiedade como desconforto, sentimento de inadequação, sudorese, palpitação, medo e angústia relacionados ao distanciamento do dispositivo eletrônico, é preciso buscar um especialista que possa orientar a condução desse tratamento. É preciso avaliar também a relação de valor que o dispositivo tem na sua vida para adaptar um uso mais saudável.

Para amadurecer as emoções é preciso nomear os sentimentos

Você consegue diferenciar tristeza de angústia ou ansiedade? Ou alegria de euforia? Identificar sentimentos é algo particularmente difícil para as crianças, mas também para muitos adultos. Isso porque ainda existe dificuldades – e tabus – para falar sobre sentimentos. O problema é que a falta de auto percepção pode levar ao silenciamento das nossas próprias emoções e a consequência disso é o sofrimento emocional. 

Retomamos à infância. Tente recordar: em algum momento, quando criança, você foi ensinado(a) a nomear e identificar seus sentimentos? É nesse período da vida que começamos a entender sensações e ter noções de mundo. Sem a devida educação emocional, dificilmente essa pessoa se tornará um adulto consciente sobre o próprio sentir. 

Como entender melhor os próprios sentimentos? 

Uma forma simples é elaborar uma lista com diversos sentimentos e tentar encontrar definições e exemplos para cada item. Vale, inclusive, buscar as definições na internet, com outras pessoas e até em livros que se dedicam ao tema.

Em casos de mudança de humor ou um conflito, outro exercício indicado é escrever a situação, quem estava presente, que você pensou naquele momento e até alterações físicas. Uma espécie de diário emocional. Isso vai ajudar a, posteriormente, você enxergar a situação de um outro ângulo. 

Terapia

É comum encontrar nos consultórios adultos que chegam com diversos nós emocionais originados na dificuldade de nomear o que estão sentindo. A terapia, muitas vezes, se torna desconfortável para essas pessoas quando inicia o processo de descoberta de emoções difíceis como raiva, ódio, inveja e tristeza. 

Pessoas que não tiveram acolhimento ou espaço para expressar o que sentiam na infância não são adaptadas ao entendimento de que sentir, qualquer que seja a emoção, é parte de ser humano. Independente de juízo de valor, as emoções nos chegam. 

Por isso, é importante destacar que a terapia não faz desaparecer sentimentos incômodos ou traz uma receita para “a cura”. A terapia é uma ferramenta importante que vem ajudar a encontrar mecanismos para gerenciar melhor as próprias emoções. 

Como encarar o mundo depois do diagnóstico?

Um diagnóstico pode ter o efeito de causar alívio por finalmente compreender o que está acontecendo com uma pessoa. No entanto, nos casos de diagnósticos psiquiátricos, o que se observa é um movimento contrário nos pacientes e nas pessoas ao redor. Isso ocorre, sobretudo, por causa da estigmatização.

Erroneamente, as pessoas são taxadas a partir do seu diagnóstico como “bipolar”, “esquizofrênico”, “depressivo”, “doente mental”. Esses termos devem ser eliminados do vocabulário da sociedade porque além de perversos, eles reduzem toda a riqueza e complexidade de um indivíduo e impedem que o debate sério sobre saúde mental avance. 

O que é um diagnóstico?

O diagnóstico é um estudo minucioso sobre sintomas manifestados em cada paciente. “Achar” uma doença ou um quadro clínico significa ter mais assertividade no tratamento e oferecer maiores chances ao paciente. Importante ressaltar que esse processo analítico é estritamente cabível a um especialista. Então, não adianta fazer um autodiagnóstico e, por consequência, uma automedicação, pois cada caso é único.

A diagnose de um paciente psiquiátrico, por exemplo, pode levar um certo tempo para ser concluída.  O médico psiquiatra deve detalhar toda a história de vida do paciente, esmiuçar crises, eventos e situações. 

Então, o que fazer após receber o diagnóstico?

Você continua sendo a mesma pessoa que era 10 minutos antes do diagnóstico. São os mesmos medos, desejos, personalidade, planos, gostos, relações e todo o conjunto de significados que você construiu ao longo da vida. 

Outro entendimento é a colaboração com o tratamento indicado pelo psiquiatra. Terapias, medicamentos, novo estilo de vida, hábitos alimentares…tudo isso feito sob orientação adequada pode trazer maior bem-estar para pacientes psiquiátricos. 

Ademais, é importante olhar o diagnóstico com mais humanidade e aceitá-lo com uma parte sua, um adicional às suas características, não é um todo. Você não “É isso”, você lida com isso, é uma pessoa com determinada condição. Uma palavra sozinha não consegue definir quem você é em completude.

TDAH na vida adulta: conheça os sintomas, sinais e tratamentos

É comum atrelar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) às crianças, mas há uma enorme quantidade de adultos que manifestam a condição e sofrem com impactos no trabalho, nas relações afetivas e em toda a esfera social. Muitas vezes, esse adulto não entende o porquê de ter uma vida tão atribulada, isso ocorre porque essa população é subnotificada. O TDAH é um transtorno neuropsiquiátrico que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA)

O TDAH não está ligado a fatores culturais ou conflitos psicológicos, mas sim a pequenas alterações na região frontal do cérebro, responsável pela inibição do comportamento e do controle da atenção. Em adultos, é caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade que interfere e afeta o trabalho, a vida doméstica e os relacionamentos – especialmente se não for tratado. 

Os sintomas na vida adulta

Os sintomas de TDAH ou ADD em adultos se assemelham amplamente aos sinais comuns de TDAH na infância. No entanto, sabe-se que a intensidade dos sintomas – especialmente hiperatividade – diminui ao longo do tempo para muitos indivíduos.

  • Desatenção
  • Pouca atenção aos detalhes
  • Dificuldade para começar e concluir tarefas
  • Dificuldade em focar e regular a atenção
  • Esquecimento
  • Má gestão do tempo
  • Impulsividade
  • Inquietação
  • Interrompe-se com frequência
  • Fala excessivamente
  • Desregulação emocional
  • Baixa tolerância à frustração

Desafios associados ao TDAH em adultos

O TDAH adulto afeta praticamente todos os aspectos da vida, mais ainda se a condição permanecer sem diagnóstico, não tratada ou tratada de forma ineficaz – tudo isso pode ter efeitos prejudiciais no bem-estar psicológico e na qualidade de vida de um indivíduo.

1- No desempenho escolar e no trabalho:

Sintomas de TDAH em adultos, como má gestão do tempo e concentração, procrastinação e esquecimento, podem dificultar a trajetória e permanência na escola/faculdade e no local de trabalho. 

2- Nos relacionamentos:

Os sintomas de TDAH em adultos, como habilidades de escuta deficientes, baixa tolerância à frustração, incapacidade de realizar tarefas e impulsividade, podem levar a várias dificuldades com relacionamentos românticos, amizades, relacionamentos familiares e outras conexões sociais.

3- Propensão à criminalidade e segurança

Um estudo publicado na revista internacional JAMA Psychiatry vinculou o TDAH em adultos à criminalidade, quebra de regras e outros problemas legais e de segurança – incluindo maior risco de se envolver em acidentes de carro em comparação com a população em geral. 

4- No abuso de substâncias

TDAH e abuso de substâncias estão fortemente conectados. Adultos com TDAH têm duas vezes mais chances de serem diagnosticados com transtorno por uso de substâncias em comparação com indivíduos sem TDAH. Muitos adultos com TDAH relatam o uso de substâncias como álcool e outras drogas como forma de automedicação e controle dos sintomas de TDAH.

5 –  Comorbidades

O TDAH no adulto raramente existe sozinho. Aproximadamente 60% a 70% dos adultos com TDAH têm um transtorno comórbido. De acordo com um estudo de 2006 sobre TDAH em adultos:

  • Cerca de 40% foram diagnosticados com um transtorno de humor;
  • Quase 50% foram diagnosticados com transtorno de ansiedade, incluindo fobia social (30%) e transtorno do estresse pós-traumático (12%);
  • Cerca de 15% também têm diagnóstico de transtorno por uso de substâncias;

O que causa o TDAH?

Não está totalmente claro, mas a maioria das pesquisas sugere esses três fatores principais:

  • Genética ou Hereditariedade: O TDAH é uma condição altamente hereditária. Aproximadamente metade dos pais com TDAH terá um filho com a doença.
  • Fatores ambientais: Estudos sugerem que a exposição ao estresse extremo, trauma ou certas toxinas – como chumbo ou bisfenol – aumentam o risco ou a gravidade dos sintomas de TDAH.
  • Interrupção do Desenvolvimento: Lesão cerebral ou eventos que afetam o sistema nervoso central durante o desenvolvimento, como parto prematuro ou uso de álcool durante a gravidez, podem ter um papel importante no desenvolvimento do TDAH.

Diagnóstico 

O  Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) lista nove sintomas que sugerem TDAH predominantemente desatento e nove sintomas separados que sugerem TDAH predominantemente hiperativo-impulsivo. Um adulto pode ser diagnosticado com qualquer subtipo se apresentar pelo menos cinco dos nove sintomas em dois ou mais ambientes – no trabalho e em casa, por exemplo – por pelo menos seis meses. É preciso uma avaliação médica especializada para concluir o diagnóstico. 

Tratamento 

O melhor tratamento para o TDAH adulto é uma combinação de terapia e medicação. Os adultos devem trabalhar em estreita colaboração com seus médicos para ajustar a medicação e a dosagem e encontrar a combinação certa de tratamento do TDAH para aliviar os sintomas.

Quando a família é tóxica, o que fazer?

Muito se fala sobre relações abusivas com amigos, pessoas do trabalho ou algum relacionamento amoroso. No entanto, é no seio familiar onde muitas vezes ocorre o primeiro contato com pessoas tóxicas. Quem nunca ouviu a premissa “tudo por a família”? Esse tipo de ideia pode funcionar como mecanismo de submissão a comportamentos e atitudes familiares prejudiciais.

Outra questão que aumenta a tolerância às relações familiares abusivas é a cultura. Tendo em vista que historicamente somos ensinados a preservar a família, atuando na manutenção de restrições e tabus. A cultura estabelece que só é permitido ter sentimentos positivos sobre a família. Tal imposição implica na repressão de sentimentos naturais do ser humano e na incapacidade em gerenciar conflitos.

Nesse sentido, o cenário ganha outro aspecto quando a vítima está em situação de dependência econômica, social ou emocional com a pessoa que exerce o abuso.

Como reconhecer uma família tóxica?

O conflito existe em todos os tipos de relacionamentos, porque interesses se chocam. Divergir se faz importante no sentido de realinhar expectativas e de pôr em constante análise as relações.

No entanto, existem relações que são mais difíceis e evocam constantemente o conflito ao invés da harmonia. É preciso mensurar o quanto de dor e sofrimento essa convivência traz. Desconforto, inferiorização, descrença, humilhação e abuso são alguns comportamentos que podem existir em uma relação tóxica dentro ou fora do ambiente familiar.

Como lidar com a situação?

Cada relação tem sua complexidade, então não há uma fórmula a ser replicada. A seguir, deixo algumas orientações do que pode ser feito com vínculos que não fazem bem:

1 – Busque ajuda profissional 

Se você vive sob angústia, em sofrimento e sente perda da dignidade por causa de um relacionamento familiar, busque uma escuta profissional. Um psicólogo ou psiquiatra pode ajudar você a descobrir a melhor solução.

2 – Você não pode mudar ninguém

Muitas vezes o sofrimento está na angústia de esperar que o outro mude, quando quem tem que mudar é você. Como? Realinhando suas expectativas sem esperar que o outro tome a atitude que você deseja. Lembre-se: você só é capaz de mudar os seus próprios comportamentos e atitudes. 

3 – Se preciso for, corte laços 

Na maioria dos casos, é sem dúvidas a escolha mais extrema e dolorosa, porque estamos falando de um ente amado. Diante do rompimento da relação, pode surgir o sentimento de culpa, principalmente porque memórias de situações passadas surgirão. É importante ter em mente o real motivo da sua decisão de se emancipar dessa pessoa. Sem essa definição clara, corre-se o risco de viver em ciclos numa relação abusiva e até mesmo repetir o padrão com outras pessoas.