A pressão pela alta performance no mundo do trabalho tem colocado, em especial, os millennials (nascidos entre 1981 – 1995), em estado de cansaço extremo. Apesar de ter sido denominada no início dos anos 1970 pelo psicanalista alemão Herbert J. Freudenberger, só agora em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a Síndrome de Burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID – 11). A medida começa a valer efetivamente em 2022.
A OMS define a Síndrome de Burnout como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Com a decisão, as empresas passam a ser responsáveis pela saúde mental dos funcionários, já que anteriormente a síndrome era vista como um problema do trabalhador.
Para se ter uma ideia sobre a alarmante evolução da síndrome, estudos da Associação Internacional de Manejo do Estresse (Isma), revelam que no Brasil, 72% dos trabalhadores sofrem com estresse no trabalho. Dentre eles, 32% têm burnout.
A OMS caracteriza Burnout em três dimensões:
- Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
- Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho;
- Redução da eficácia profissional.
A jornalista americana Anne Helen Petersen vai além. Ela dedicou anos em pesquisas de teóricos e entrevistas para decifrar o que ela chama de “epidemia de burnout” nos millennials. No livro “Não Aguento Mais Não Aguentar Mais”, a escritora analisa fatores por trás do aumento nos casos. Veja abaixo:
- Expectativas geracionais
- Uso abusivo de tecnologia
- Falta de estabilidade
- Filosofia perigosa, como a ideia de só trabalhar com o que se ama
- Expediente em casa
- Realidade x ilusões de uma vida fantasiosa pregada nas redes sociais
Sintomas
Os sinais de desenvolvimento da síndrome variam, mas sempre envolvem nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos. Existem estágios da síndrome que podem, ou não, ocorrer conjuntamente e eles são identificados por 12 características:
1 . Necessidade de aprovação;
2. Excesso de trabalho;
3. Deixar as necessidades pessoais de lado;
4. Transferir os conflitos, ignorando seus problemas ou se sentindo ameaçado, nervoso ou em pânico;
5. Distorção de valores: somente o trabalho importa;
6. Negar que problemas estão surgindo;
7. Distanciar-se da vida social e procura formas rápidas de aliviar o estresse;
8. Mudanças comportamentais;
9. Perda de personalidade;
10. Vazio interior e, para superar isso, começa a dar atenção a atividades ou mesmo vícios que podem prejudicar a si mesmo;
11. Depressão;
12. Síndrome de Burnout com colapso mental e físico, que precisa ser acompanhado por um especialista.
Tratamento
A terapia com profissionais especialistas em saúde mental é importante para tratar as emoções e traçar estratégias para a melhoria da saúde mental e física. Exercícios de relaxamento são ótimos para controlar os sintomas. O tratamento pode incluir medicação, mas isso deve ser analisado com acompanhamento médico.
É importante destacar que a resolução do problema não se limita a tirar férias e se distanciar do trabalho. As corporações devem reavaliar a cultura de trabalho a qual submetem os funcionários e se responsabilizar pelos impactos na saúde mental.
