Um grande impeditivo de pessoas buscarem um tratamento psiquiátrico é o medo das medicações e suas reações. Muitas vezes, levam em conta informações falsas ou distorcidas e acabam colocando a saúde mental em último plano. Há o medo da dependência, de ficar incapacitado(a), de aumentar de peso, de passar a vida inteira tomando um remédio… O assunto é de fato cercado por dúvidas e inseguranças, mas isso provavelmente se deve ao histórico de antigas medicações que geravam efeitos adversos desconfortáveis aos pacientes. Felizmente, as últimas décadas foram de avanços significativos para a neurociência, inclusive no desenvolvimento de psicotrópicos mais modernos e eficazes.
Devemos começar por um dos pontos mais importantes que é a definição de dependência. O Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV) define a dependência como um padrão mal adaptativo do uso de substâncias, que leva a prejuízo ou sofrimento significativo, caracterizado pela presença de três ou mais dos critérios a seguir, pelo período de um ano:
- tolerância;
- abstinência;
- consumo por período de tempo mais prolongado e em quantidades maiores que o planejado;
- desejo persistente de uso e incapacidade para controlá-lo;
- muito tempo gasto em atividades para obtenção da substância;
- redução do círculo social em função do uso da substância;
- persistência do uso da substância, apesar de prejuízos clínicos.
Nesse sentido, muitas pessoas relacionam, de forma generalizada, os psicotrópicos à dependência química, pois acreditam que com a retirada do medicamento, o paciente sofrerá abstinência. O primeiro erro é acreditar que todos os fármacos prescritos por psiquiatras causam dependência. Antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor, entre outros, não têm potencial de dependência.
A classe de medicação que pode ter mecanismos de gerar dependência é a dos benzodiazepínicos, mais conhecidos como “receita azul” ou “tarja preta”. São medicamentos de grande importância para tratamento agudo da ansiedade, ou seja, aliviar sintomas a curto prazo. São utilizados com muito critério médico e sim, podem apresentar perigos quando administrados de forma descontrolada, como no caso de pessoas que se automedicam.
Muitos pacientes também temem que irão passar o resto da vida tomando um remédio ou queixam-se sobre a dificuldade de retirar o medicamento. O tempo de uso vai depender de cada transtorno e da gravidade dos sintomas. Não é que seja difícil parar, mas é o psiquiatra quem tem a competência de conduzir a estratégia de retirada da melhor maneira para não causar desconfortos ao paciente.
No geral, na maioria dos casos, o tratamento medicamentoso é temporário. Somente em alguns casos, por serem refratários, resistentes ou crônicos, é necessário tratar sem previsão de alta porque o benefício será maior que o prejuízo.
“O que deixa uma pessoa disfuncional é o transtorno mental e não a medicação. Estas, são usadas para corrigir qualquer déficit causado pelo transtorno psiquiátrico. No cenário brasileiro, dentre os 10 problemas de saúde mais incapacitantes, cinco são psiquiátricos.”
Outro ponto permeado por estigmas é uma suposta improdutividade causada por antidepressivos. O que deixa uma pessoa disfuncional é o transtorno mental e não a medicação. Estas, são usadas para corrigir qualquer déficit causado pelo transtorno psiquiátrico. No cenário brasileiro, dentre os 10 problemas de saúde mais incapacitantes, cinco são psiquiátricos.
Há muitos mitos, inverdades e desinformações espalhadas por aí sobre assuntos relacionados à saúde mental. Por outro lado, estamos trilhando um caminho de conscientização sobre a importância de um olhar atento às questões da saúde mental. Toda e qualquer medicação precisa ser recomendada por um profissional da saúde qualificado para tal ato. Por fim, o estigma sobre o uso de psicofármacos precisa ser superado, tendo em vista que doenças psiquiátricas precisam de tanta atenção e cuidado quanto qualquer outro adoecimento.

Parabéns Dr Thiago pelo projeto maravilhoso, de um novo olhar para as doenças psiquiatricas, pensando no bem estar dos pacientes.
Meu esposo e minha filha estão com ansiedade, a médica passou pra eles tomarem citocalmy e passear na psicóloga. O senhor acha que é melhor levar logo para o senhor?
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Gratidão. Seria importante uma avaliação com psiquiatra, especialmente se com essa medicação natural não tiver melhora.
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